6/27/2009

Piranha Solitária

A piranha solitária, no balcão, nada na sua caipifruta. Vitrine aquário Nouvelle Vague num loop Warhol ´Pessoas se beijando parecem peixes`. Seus olhos devoram amedrontados São Jorges e seus escudos de chopp. - Mulher tem de ser tratada nos dentes antes de ir para língua - Suas pernas criminosas de escamas salientes, afrontam a vocação predadora tingida aos cuidados dos colos de Pietás. Desce direto para o gogó, seu triste fado de medusa e sua lira tosca. Oferece carícias de apetite canino e espreita o amanhecer em lençóis umidecidos de álcool e espinhas.

A Delinquência Planetária e a Extravagância Zen

Vejo a gota.
Seu momento de perfeição,
seu zênit.
Vejo a gota.
Vejo a gota espatifar
no alumínio frio.
Vejo a gota,
outra e mais outra.
Ouço a gota.
Métrica mantra,
palíndrome sintomática,
réplica tréplica,
tríplice dialética
nos quatro cantos
de compêndios sem fim.
Ouço a gota.
Sou a gota.
Somos a gota.

6/26/2009

Crônico

A repetição
no vazio
se firma
reafirma
e não diz.

Muito lixo na veia,
empalhei!

6/09/2009

Átimo

O logo após as pisadas irregulares, cambaleia o futuro. A semana passou num lapso, num átimo alcoólico. Pude ouvir gargalhadas vindas do tablado rotundo dos bêcos. Eco de imagens embaralhadas, idéias colipsadas... Um carrossel de personagens na roda oculta das circunstâncias... e eu aqui, na mesa de canto do bar... daqui tudo se vê, até o uivo do vento dobrar a esquina. A inconformidade concreta precipita-se em tudo... estão visíveis por sobre os ombros como caspas em pretas camisas de algodão sob luz negra. Figuras deslocadas de seu original podem-se entrever no silício, no ópio, no fundo da garrafa. Caleidoscópio de artimanhas neurais. Arte experimental. Daqui, da mesa de canto, mudo a sintaxe a esmo... a arte é mental... Tangram de holografias moldadas em arranjos dramáticos. Virtudes e vícios descoloridos no suor das paredes... um panteão de afrescos mundanos. Eu mesmo, um semi-deus, crio um buraco no tempo, uma matéria escura, uma nuvem, uma dúvida... Mastigo um bolinho de queijo ensopado de tabasco. Viro do avesso a cachaça... o mundo aparece em miniatura no fundo do copo...
Existe sobriedade ?