7/30/2009

Dínamo Infernal

Mastiguei até ficar seca. Hordas empaçocadas indigeríveis nas horas.Fui pelo milímetro da beira à procura de um hiato. Salto noturno para arranjos desajeitados num copo de pensamento.
Gole de misericórdia. A meia-noite me segue como um cão.
A mentira insistente é toda a verdade. E a desilusão... é uma
grande dádiva! Fachos de púrpura, fachos de amarelo, fachos de gente. Véu ocre de certezas frágeis, insônia maya, dínamo infernal, ad continuum, ad infinituum. A madrugada se arreganha no esboço de um pigarro em rumo aberto de úlcera, o dia nasce de fórceps.

Meus olhos mau podem abrir...

(continua...
em breve)

7/28/2009

Pau no Coelho

Provocação astuta aos seus desejos
crio e ensejo, como as pílulas de coelho
entre imagens e verdades
mitifico minha vida vulgar

Minhas frases feitas
alquimia cruzada de clichês
em coro, meu pobre repertório
transformado em ouro

Com minha fantasia de flautista medieval
venho fácil superficial
na magia de festinha infantil
em mil gotas de Rivotril

Minha auto-ajuda
é oferecer ajuda
Pão velho com lexotan
à alma depauperada
crédulas na bichoGrilagem
do meu RayBan

Dispostas a engolir
minha historinha tosca
meu elixir, aos goles e golpes
midiático Frontal
Lobotomia
Chá imortal
da Academia

Sou imortal sou imortal sou imortal

6/27/2009

Piranha Solitária

A piranha solitária, no balcão, nada na sua caipifruta. Vitrine aquário Nouvelle Vague num loop Warhol ´Pessoas se beijando parecem peixes`. Seus olhos devoram amedrontados São Jorges e seus escudos de chopp. - Mulher tem de ser tratada nos dentes antes de ir para língua - Suas pernas criminosas de escamas salientes, afrontam a vocação predadora tingida aos cuidados dos colos de Pietás. Desce direto para o gogó, seu triste fado de medusa e sua lira tosca. Oferece carícias de apetite canino e espreita o amanhecer em lençóis umidecidos de álcool e espinhas.

A Delinquência Planetária e a Extravagância Zen

Vejo a gota.
Seu momento de perfeição,
seu zênit.
Vejo a gota.
Vejo a gota espatifar
no alumínio frio.
Vejo a gota,
outra e mais outra.
Ouço a gota.
Métrica mantra,
palíndrome sintomática,
réplica tréplica,
tríplice dialética
nos quatro cantos
de compêndios sem fim.
Ouço a gota.
Sou a gota.
Somos a gota.

6/26/2009

Crônico

A repetição
no vazio
se firma
reafirma
e não diz.

Muito lixo na veia,
empalhei!

6/09/2009

Átimo

O logo após as pisadas irregulares, cambaleia o futuro. A semana passou num lapso, num átimo alcoólico. Pude ouvir gargalhadas vindas do tablado rotundo dos bêcos. Eco de imagens embaralhadas, idéias colipsadas... Um carrossel de personagens na roda oculta das circunstâncias... e eu aqui, na mesa de canto do bar... daqui tudo se vê, até o uivo do vento dobrar a esquina. A inconformidade concreta precipita-se em tudo... estão visíveis por sobre os ombros como caspas em pretas camisas de algodão sob luz negra. Figuras deslocadas de seu original podem-se entrever no silício, no ópio, no fundo da garrafa. Caleidoscópio de artimanhas neurais. Arte experimental. Daqui, da mesa de canto, mudo a sintaxe a esmo... a arte é mental... Tangram de holografias moldadas em arranjos dramáticos. Virtudes e vícios descoloridos no suor das paredes... um panteão de afrescos mundanos. Eu mesmo, um semi-deus, crio um buraco no tempo, uma matéria escura, uma nuvem, uma dúvida... Mastigo um bolinho de queijo ensopado de tabasco. Viro do avesso a cachaça... o mundo aparece em miniatura no fundo do copo...
Existe sobriedade ?

5/05/2009

Caça Níqueis


Joguetes espúrios empurram as vidas adiante
na contundência do quem dá mais.
No depois, afirmo desde já,
não é de cartas na mesa.
Os coringas são muitos... uma guerra de blefes.
Heróis do avesso, como mandatários
do descontrolado fio desencapado do amanhã.
Não há exceção... todos...
Todos bonecos binários na rede da viúva negra.
Macacos desajeitados diante as lentes,
atravessados por ondas, no nó cego de
fios invisíveis.
Um cachangá de atordoadas criaturas de mangá
de olhos esbugalhados vidrados nos fusos monitores
liquidificadores de massa cinza.
Caça níqueis de amorfos sonhos.
Geléia de excrementos
na contundência do quem dá mais.
(texto da lateral superior da imagem)

4/04/2009

Carta do Diabo


Teia da teia da teia. 171. Blá blá blá. Em órbita nesse núcleo pesado. Se morde, arranca nacos, e cospe para cima. Não agüenta o lodo insosso cantarolando ´Oh happy days`? Se morde. O argumento da verdade é fraco. Caminha no cinza profuso. Côncavo ou convexo? Perversão é plano de convencimento. Realejo de uma sorte. Meio vazio? Meio cheio? A cigana lê a mão do defunto... é sempre tarde para o óbvio. A coisa toda por si no absoluto jogo de dados. Spins em emergência. Destino? Sintaxe bufa. O ego infla, estoura, e acabou.
´Eu, inflexão significante.`