11/15/2007

PP. DIGITALIZADO

RASTREADO"MONITORADO"MANIPULADO"

8/01/2007

Almoço de Marco Polo

O calor pede algo frugal. Sento-me a mesa do restaurante. Desculpo-me pelo atraso com os amigos. Ávidos e famintos, atacam com educação os pãezinhos do couvert. Segunda-feira é dia de começar dieta. Não estamos na segunda, nem eu de dieta. Prezo pelos bons hábitos alimentares. Marco Polo levou seu cachorro à China. No cardápio, espetinhos de bicho-da-seda, escorpião, cachorro... Bem! ...do cachorro não se sabe. Marco voltou só. Trouxe a pasta. O garçon serve-me de queijo ralado. Pedi bolonhesa. Veio putanesca. Senta-se à mesa, amiga do amigo. Acende um cigarro. O chinês impressionou-se com o inglês que trazia fogo no bolso. Coisa do tempo da Companhia das Índias. A tal amiga parecia uma índia. Morena, olhos meio puxados, cabelos negros. Vestida de sêda com detalhe vinho. Embriagado como a sobremesa. Saio antes do café. Corro atrasado. Corria o olhar delirante da enferma ao diagnóstico descrito pelo Dr. Bienville. Chego em tempo para a reunião.

...Trouxe comigo pasta de lotus... é que hoje tem lua cheia.

6/30/2007

Chuva de Veuve Cliquot

$$$
Eu quero Bolsa esmola, vender meu voto...
Quero a esperança...
vendidade por um pastor evangélico! *com desconto%
$$$
Cúmplice julgando cúmplice... e chove Veuve Cliquot em Brasília...
Canalhas... Parasitas... circo de aberrações do caráter... e o Big Boss do desgoverno vestido com seu boné populista solta suas metáforas de primário... unguento de perdigotos para ignorantes...
As instituições, distribuídas entre as facções criminosas do conciliatório burrico barbudo, moribundas, agonizam... No bem distante mundo da realidade, no planalto das bananas, o bem feitor canastra cor de rosa, curte os méritos da brisa do crescimento econômico global... mergulhado na cachaça e no etanol.
Carimbos, canetas, medidas provisórias e...Avacalhação Geral da República.

5/29/2007

Trilha

Meu primeiro copo. A bebida, às vezes, parece fazer bem. Não sei ainda para onde vou. Preciso de movimento, barulho, tentar povoar minha noite. O copo está vazio. - Cadê a chave do carro? - Me sinto neste exato momento como Mersault, personagem de Camus, saindo de um hotelzinho barato em Praga para certificar-se da vida. O terceiro copo tomo pelo caminho. Poderia acender um cigarro. Só não acendo porque não tenho nenhum. O vento que corre pela janela do carro anestesia. Tomo uma direção e um gole. Deixo-me tomar por um pensamento. Fujo. É dele que estou fugindo. Mais um gole. O copo esvazia... a boca seca. O pensamento volta. “Bird” sola semi semi-fusas... com esta trilha chego ao fim da trilha. Encosto o carro. Despenco até o bar. Copo cheio. Lugar cheio. Mente finalmente vazia observa. Observo a coreografia que não para. Garçons, bêbados felizes, fêmeas amargas... Fêmeas esfuziantes, bêbados amargos, garçons... E ei que de repente um corvo Eu digo.”Sai daí corvo velho!”, e ele responde.” Nunca mais!”. Consigo um cigarro com um camarada próximo. A nicotina é realmente repugnante. Fico algum tempo entretido na fumaça que sobe, se enrosca e desaparece. Ascende e desaparece. Apago o cigarro. No balcão, o copo não fica vazio. Do gargalo à garganta é só questão de tempo... tempo... tempo passa. Passaram esfuminho no ambiente? As idéias estão um cubo mágico embaralhado. Onde começa? Onde termina? ... Porra ! Isso é Escher ! Entro no carro sem itinerário. Lugar algum pode ser longe... pode ser perto... uma grande (interrogação) Esta realidade absurda. Meus olhos se fixam nos olhos que encontram no retrovisor... Lugar algum pode ser algum lugar. Pode ser lugar nenhum. A trilha é um free jazz. De lá para cá. Dali para lá... só objetos distorcidos. O olho se corta na navalha... a lua ilumina o que tenta esconder-se na escuridão... o farol do carro ofusca e paralisa por instante o olho que me olha diretamente, e o gato arrisca atravessar no caminho. Sigo sem trela às estranhezas. Vou dormir.

Sexto Selo

No terror e na miséria
o planeta se extinguirá

Os faraós da mágica econômica
desafiam os rios de sangue,
as chuvas de sapos

Estão certos do bom trabalho
de seus comissários políticos
famintos por migalha.

Permeiam as telas luminosas
a trepanação global

Em suas novas embalagens
Identidades arrancadas
cairão em fosso profundo.

Enquanto heróis morrem a toda hora
por overdose de inutilidade.

Sísifos aos milhões
Tântalos aos milhões

Abriu-se o sexto sêlo !

Ichneuminídeo

Abrigo
Umbigo dos furores

Agitação macaqueada
para débeis acessórios
inúteis à alma.

Magnanimes vontades
chegam à surdina
Eriçam espinhas
do flagelo - não ter.

A vida se consome
mergulhada no lago de pixe
de um imperativo cifrão

Sombras propabólicas
Sobras
Sim-
bólicas
Céu loteado
Notas
dia-
tônicas.

Atrás do vento, do tempo
Correr
Nas lacunas do efêmero
Ungidos
dessa retórica tórrida.

Bop alucinado
Facas Lancinantes
Reflexos catados aos cacos
nos lixões.

Espelho.

Num canto, Deus pálido
à própria imagem.

...
“Muitas fêmeas do ichneuminídeo botam seus ovos diretamente sobre o corpo do hospedeiro. E como um hospedeiro irrequieto facilmente desalojaria o ovo, a fêmea muitas vezes injeta simultaneamente uma toxina que paralisa a lagarta ou outra vítima. A paralisia pode ser permanente, e a lagarta jaz viva, porém imóvel, com o agente de sua futura destruição preso no ventre. O ovo choca, a lagarta inerte se contorce e as larvas do marimbondo escavam e começam o macabro festim.”
Stephen Jay Gould
...

- Minha bôca está torta... Não aponte esse dedo sujo prá mim !!!

...

Escrevo II

"Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção."
Manoel de Barros

Engulo palavras inteiras
Três pontos ásperos

Hálito vagabundo
Conhaque tinteiro

Aftas estouram no papel golfado de fárreo.

Da boquiaberta cavidade,
gane a desconstrução de um futuro inventado.

O funâmbulo enfrenta rajadas de labirintite
e seu fígado dobra na pirueta do tempo.

A grande pedra que demarcava o caminho
esfarelou.... abro a caixa preta...

Lixo para os artifícies essenciais.
Essa é a minha inutilidade vital !

...

Bagas de Aflição

Idéias
Aqueles castelos de cartas
bem ajambrados...
no vento.

Tudo muito bem estruturado
pronto para desabar.

A marcha vai indiferente
Vertignes parafernálias

Recrutas do nada com seus pés de chumbo
pisam sobre um mapa truncado.

Mil línguas caninas
lambem suas posses
insuficientes
às suas inexoráveis carências.

Idiossincráticas extravagâncias
do poder,
carcomem o amanhã num deserto.

Refugiados
em paraísos artificiais,
deixam com seus farmacos milagrosos,
o tempo passar com suas agulhas envenenadas.

Têmporas latejam
bagas de aflição

Restam os otimismos patológicos
Crentes em algum mito,
alguma propaganda,
algum sorriso,
alguma vida futura sobre a Terra.

...

Arrebenta o elo no lado mais fraco da corrente
Torrente de pensamentos
Nó... não afrouxa um só instante
Estante de páginas manchadas de negro...
Vazias... vazias as prateleiras... gotejam
Resíduos... Estômago embrulhado...
de palavras... interrompidas no ato...
firmadas na profusão de coisa alguma
Curto circuito de bandeiras e nervos
sem conquistas nem glórias
As bandeiras, brancas, rôtas,
fincadas além das trincheiras...
nunca se vê.
Corpos estendidos nos campos da certeza
de bocas chafurdantes
que se alimentam em talheres de prata
Fontes esgotadas de deletérios delírios
de coitados aflitos
Umbigos suplicantes... por si...
Acordados pelas marretas... não pelos cucos
No lucro, no lucro,
Esvaziam a seiva, onde o nada
hora levitante
Despenca!

...

Moldes Tortos

Caiu...
Caiu e apodreceu o fruto do ventre
do que alguém chama divindade
Sacode os galhos dessa árvore seca
e retorcida.

...

Répteis no lodo
Da comigerada necessidade desnecessária dessa pôrra toda
Pretérito da puta-que-o-pariu
Recondidos do barro de moldes tortos...
Foda-se tudo!

...

Dadá

Com a vela no breu, tudo dança.
... só resta esperar o salto da rã.

A dialética sempre à procura de uma mentira.
Estou convencido da retórica de nossa órbita.
Minhas prosas de sinais sempre acabam em
ideogramas borrados. Garrafas bóiam pelos oceanos
com seus sinais de S.O.S. Sempre engulo sêca
a felicidade das propagandas de margarina.
Bonecos de ventríloco... sempre têem alguma
coisa a dizer... e a ignorãça sempre lava mais blanco.
Décima quinta edição do meu pedido de auto-ajuda.
Faltam hiatos maiores para esse repertório mímico.
Peritos em Koans acabam como faquires se alimentando
da sua própria unha... e se exibem por aí... esperando
pelo chá nas Academias de Letras ou nas Sociedades
Científicas.

A matriz está viciada...


...

Signos

Monolito de mãos no queixo.

- Esbraveja mestre zen !

O tumulto de peptídeos me oblitera

E todo solilóquio
Se é bélico... começo por queimar bandeiras.

No meio de tanta quinquilharia
Saboreio a escuridão.

- Não loteiem minha porção de ar !

Um halo de sol
Vem alumiar todo tipo de anulação.

Mijo na cabeça de Duchamps.

Teco o rastro de tabasco
e meus olhos inflam...

Revolução do pós-tudo

... e a história anoréxica
definha na mão do agora

Quero ser enganado !!!


...

Alface


(tirou o umbigo e presenteou o diabo)
...

Rumina a drágea dos humores
massa esculpida de ego.

Alma de silicone
levita o rabo.

Vaca santa das capas
das colunas douradas.

Engole a hóstia,
alfaces e alfafa.

Eugênica cútis
refletida nos flashes

Míngua em seu disfarce
repuxado...

Personagem do hiperlixo !

...
Quero ver o tchan !


Escrevo

Esse humor histamínico
toma difuso todo meu corpo...
Circulam com seus fogos,
suas lâminas, ...
A moviola das mãos
expondo as feridas.
Uma analgesia pela palavra...
No princípio é o verbo. E no fim...
Contenho a hemorragia ?

...

Celeuma

Silenciosa ironia
quase metafísica

(Resolvi o problema do grilo)

Ruído... sempre um ruído.
Cri...
Silêncio... nunca silêncio.
Rádio fora de estação.
Cri... Cri...
Num simples movimento
Gira o ar... ar...
Paralelepipedos não são pedra.
Árjuna: Cri... Cri ? ? ?
Buda masca sua semente de Cannabis.
Cri...
Maré sobe... desce.
Venta pelas brechas,
janelas, ouvidos.
Cri... Cri...
Um avião que passa.
Um alarme que toca.
Khrisna: Muita celeuma ! ! !

...

Urgência

Mentiras...

num frame !

(Meu sangue está em fôrma no congelador)

Urgência... nem tripas prá fora !
...
Minha Mãe-de-Santo recusa-se me atender !
...
Iluminar-se é se livrar do pós-tudo !

(Universo S.A. / uma lista interminável)
...
Comer da farofa da própria macumba ?
...
Quem fica prá lavar os pratos ???