8/13/2008

Arapuca

Tirei a roupa, olhei-me no espelho e vi,
no teto, o quarto rodar. Nem sei como vim parar aqui. Foi num piscar noturno e pronto. Tesão na arapuca. Ela não é uma batedora de carteiras qualquer. Ela sabe onde está o convencimento e faz bom uso dele. Sorri, faz bico, ajeita o cabelo com um golpe oblongo e pirante. Caio. Qualquer um cairia. É difícil se estabilizar no cetim. Ela pede mais champagne. Coloca meu indicador em sua boca e faz deslizar para fora de seus lábios com um hábil entreato nos olhos. 33 rpm no teto. Estou entre a dormitada e a vomitada. Ela tem uma moeda de troca infalível. Seu rostinholindo engovenaveia afeita o mareado colchão d`água. Meia volta, e suas coxas estão como prensas, eu, como presa. Pensei ser escolado. Ela olha o sapato, o relógio, o sobrenome. Devo ser um possível de sua agenda, de seu futuro brilhante. Ela cruza as pernas, saboreia o batom, socila o champagne, cerzilha brechas de seu passado. Filme velho, comum, ordinário. Não para quem está nele! Ela sabe o que faz. Eu faço parte de seus planos, de sua bonequice de luxo, de seu paraíso artificial. Ela vai me arrancar até o último tostão. Estou lustroso, brilhante, tinindo, e quebrado.